31 julho 2012

Se uma pessoa morrer queimada... e uma história estranha


*Dúvida via: Misturando
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Por falar em morrer-se queimado, lembrei-me de uma história que não tem muito a ver com esta tira, mas vou contá-la na mesma:

Estava eu na paragem do autocarro, à espera do que se dirige para a universidade (era dia de exame), quando um senhor idoso me pergunta se esse autocarro já tinha passado. Respondo que não e ainda acrescento que seria esse o que eu tinha que apanhar - enfim, tinha esperança que o exame iria correr-me bem e decidi ser simpática, aliás, não costumo ser mal-educada para ninguém que não conheço de lado nenhum.

O senhor, então, pergunta-me se eu iria para a universidade, ao que eu respondi afirmativamente, e é aqui que se inicia a aventura que por ele foi narrada. Segundo me lembro (isto passou-se quase há um mês), o senhor iria ao tribunal resolver uns assuntos. Ok, é normal, todos nós temos assuntos para resolver: donas de casa têm de fazer as compras e as lides domésticas, eu tinha que fazer o exame, o senhor iria ao tribunal.

O curioso desta história começa na razão porque o senhor iria ao tribunal. Fazendo pequena uma longa história, o que se passou com ele (mais concretamente com o filho dele), foi o seguinte: o rapaz, contra o inúmero aconselhamento da família, casou-se com uma rapariga. Anos depois, a mulher acusa-o de violência doméstica, estando o rapaz inocente, sem fazer nada, e divorcia-se. Ou, e os leitores perdoem-me por não me lembrar correctamente, ele queria divorciar-se e deixar a mulher de mãos a abanar, pelo que ela fez a acusação.

Coisa vai, coisa vem, o autocarro chega e a história continua: o rapaz teve de pagar uma indemnização à mulher, que lhe conseguiu ficar com o dinheiro, com a casa e com o carro, ficando o rapaz na sarjeta, se não tivesse família, e sem emprego. Segundo o seu pai (o senhor que conversava comigo), isto era um ciclo vicioso, pois sem carro o rapaz não conseguia procurar emprego e, se arranjasse um, teria de ter carro. E, agora, passava-se a vida no tribunal à conta da malvadez da mulher.

Possivelmente vocês estarão a pensar o que tem esta história de extraordinário, pois todos os dias há divórcios, todos os dias há desempregados, todos os dias há idas ao tribunal; a verdade é que deixei para o fim a melhor parte - coisa que os professores e os livros me ensinaram ao longo da minha existência.

A teoria do senhor era que a mulher era uma bruxa e feiticeira, não no sentido metafórico das palavras, com as quais chamamos muitas vezes vizinhas ou conhecidas nossas, mas no sentido literal das mesmas. Segundo ele, a mulher serviu-se de magia negra para enfeitiçar e casar-se com o seu filho, bem como para ganhar as causas no tribunal (pois estaria envolvida com um juiz, o que favorecia o processo das ditas "amizades" para ganhar essas causas), provocando a desgraça da família - pelo que o senhor agora estaria a contestar a justiça legal que foi feita (o que é direito seu, convenhamos, bem como de qualquer outro cidadão).

E mais, segundo o próprio senhor, o mal das bruxas e feiticeiras e as suas pérfidas mágicas negras, só se erradicariam deste mundo se fossem queimadas vivas na fogueira. Exactamente o que vocês leram: o senhor acreditava que a sua ex-nora era bruxa/feiticeira e gostaria que ela fosse queimada viva, dizendo isto com um brilho esperançoso no olhar.

Assim, queimar uma pessoa viva, sem mais nem menos ou ainda um porquê, só porque se acredita que se faz feitiçaria, tal qual o funcionamento da Inquisição espanhola. Claro que, não podendo tal coisa, o senhor contenta-se a ir a tribunal...

Não sei como acaba a história, o senhor teve de sair umas paragens antes da minha, mas creio que, pelo andar das coisas, não se acabaria por aqui e muita tinta teria que correr.
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Bem, queria partilhar esta história convosco que, não sendo grandemente estranha, tem o seu quê de esquisitice, pelo facto de o senhor querer queimar viva, numa fogueira, a sua ex-nora. Aliás, nada me impede de pensar que ele o poderá fazer pelas suas próprias mãos, pois vocês não imaginam a raiva que ele tinha acumulada...

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